Onde reside a forma? Onde habitam os limites?
Olhas-me. Olho-te.
Ambas roçamos o universo da outra; ambas ultrapassámos o
limite das nossas criações
Olho-te.
Ambas sabemos que somos mais se somos duas.
Olhas-me.
Ambas sabemos.
Onde vive o abraço do objecto e do vazio?
Olhas-me. Olho-te.
Ambas acreditamos em nós mesmas.
Nós mesmas individuais.
Nós mesmas mulheres.
Nós mesmas nas nossas mãos.
Olhas-me. Olho-te.
Ambas sabêmo-lo.
Ambas vêmo-nos.
Ambas crescemos e criamos o que acreditamos.
Renata
Carneiro, Rosa Puente. Duas Visões, dois mundos, dois nus.
Um nu, um
nu atmosférico e autêntico. O outro, um nu complexo de paixões selvagens.
Um nu, que
se solta lentamente oferecendo subtilezas e algodões. O outro, dramático e
teimoso.
Os dois nus
têm algo de enigmático, bastante fascinante. Um nu é a representação mínima do
abraço, um cruzamento de caminhos, um reboliço caótico a partir do criar. Um nu
que se pode desatar mas que não desata necessariamente. Um nu que é um marco.
Um nu, que a obra de Rosa Puente e a obra de Renata Carneiro criam, não é possível
sem enredo, nem sem a generosidade da dupla.
Assim fazem
estas duas artistas. Dobram-se, enredam-se, ficam tensas e afrouxam-se para
criar uma exposição sólida, justa e honesta. Ambas se contorcem até dar o
melhor de elas mesmas, flexíveis e seguras, aparecendo a partir das seus
pigmentos um universo onde o subtil se veste de força e a força se evapora em
deliciosas atmosferas.
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