sexta-feira, 28 de abril de 2017

"De onde elas nascem" e seus textos

                                                           
Onde reside a forma? Onde habitam os limites?
Olhas-me. Olho-te.
Ambas roçamos o universo da outra; ambas ultrapassámos o limite das nossas criações
Olho-te.
Ambas sabemos que somos mais se somos duas.
Olhas-me.
Ambas sabemos.
Onde vive o abraço do objecto e do vazio?
Olhas-me. Olho-te.
Ambas acreditamos em nós mesmas.
Nós mesmas individuais.
Nós mesmas mulheres.
Nós mesmas nas nossas mãos.
Olhas-me. Olho-te.
Ambas sabêmo-lo.
Ambas vêmo-nos.
Ambas crescemos e criamos o que acreditamos.


                                                               MikelAlvira 








Renata Carneiro, Rosa Puente. Duas Visões, dois mundos, dois nus.
Um nu, um nu atmosférico e autêntico. O outro, um nu complexo de paixões selvagens.
Um nu, que se solta lentamente oferecendo subtilezas e algodões. O outro, dramático e teimoso.
Os dois nus têm algo de enigmático, bastante fascinante. Um nu é a representação mínima do abraço, um cruzamento de caminhos, um reboliço caótico a partir do criar. Um nu que se pode desatar mas que não desata necessariamente. Um nu que é um marco. Um nu, que a obra de Rosa Puente e a obra de Renata Carneiro criam, não é possível sem enredo, nem sem a generosidade da dupla.
Assim fazem estas duas artistas. Dobram-se, enredam-se, ficam tensas e afrouxam-se para criar uma exposição sólida, justa e honesta. Ambas se contorcem até dar o melhor de elas mesmas, flexíveis e seguras, aparecendo a partir das seus pigmentos um universo onde o subtil se veste de força e a força se evapora em deliciosas atmosferas.

                                                                                                              MikelAlvira





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